Nesta blogagem coletiva proposta pela Vanessa do blog Fio de Ariadne e inspirada na blogagem coletiva O Livro da Minha Vida, a idéia é falar do filme de nossas vidas. Assim como na bc do livro é uma tarefa complicada, cada um de nós tem uma porção de filmes favoritos, cada um deles nos tocou de uma forma, gostamos de um porque é alegre, do outro por que tem suspense e assim vai. Então como escolher o filme de nossas vidas?
O filme da minha vida é controverso, alguns o consideram uma obra-prima, outros acham que não tem valor algum. Escolhi falar dele devido ao impacto que causou em mim, na época em que o assisti pela primeira vez tinha uns 17 anos, e que perdura até hoje, depois de tê-lo assistido mais umas dez vezes.
Rocky, um lutador foi lançado em 1976 e surpreendeu por sua história simples que exemplificava de maneira quase perfeita o tão falado Sonho Americano. Rocky era um boxeador desconhecido, que ganhava uns trocados a mais como cobrador de um agiota, desacreditado até mesmo no clube onde treinava. Sua sorte muda do dia para a noite quando o oponente do atual campeão mundial Apollo Creed se machuca e fica impossibilitado de disputar o título. Sem oponente - e sem uma luta onde poderia faturar mais alguns milhões - Apollo tem a idéia de fazer uma luta exibição com um boxeador iniciante, dando a este lutador a chance de ser o centro das atenções por pelo menos uma noite, dando ao desconhecido "a incrível oportunidade de disputar uma luta com o campeão mundial". Creed é um chato, e merece os socos que vai levar mais adiante.
Rocky é escolhido por acaso, Creed gosta de seu nome - Rocky, o Garanhão Italiano - enquanto leem os nomes dos inscritos na federação de boxe, então faz a proposta da luta. Rocky aceita e se prepara para a disputa, treinado por Mickey e com a ajuda de Paulie, que deixa que ele treine socando carcaças num frigorífico onde trabalhava. A cena mais famosa do filme, Rocky subindo correndo as escadarias do Museu de Arte da Filadélfia, com dificuldade até chegar triunfante ao topo, ao som de "Gonna Fly Now" tornou-se um marco na história do cinema mundial. Eu paro por aqui.
Silvester Stallone escreveu o roteiro de Rocky em 3 dias, após assistir a uma luta entre Muhammad Ali e o desconhecido Chuck Wepner. Impressionado com aquele desconhecido que resistira por 15 rounds ao maior boxeador de todos os tempos, decide levar a história ao cinema, e mais que isso, decide ser aquele desconhecido no cinema.
O que impressiona em Rocky é o ambiente: o lutador vive em uma Filadélfia escura, úmida e imunda, solitário, enquanto tenta conquistar Adrian, conversando com suas tartarugas e aguentando o mau humor de Paulie. Apesar de tudo é feliz. Já disseram que "Rocky é um idiota. Mas é um doce idiota." Concordo.
Com um orçamento de pouco mais de 1 milhão de dólares Rocky foi o filme de toda uma geração de americanos que viram na obra a certeza de que o Sonho Americano era possível, e uma legião de estrangeiros que pensavam que o Sonho Americano era, talvez, sua única esperança.
Mesmo tendo nascido 10 anos depois de seu lançamento, e tê-lo assistido 27 anos mais tarde, Rocky também é o filme da minha vida, pois me mostrou como é possível mudar o rumo das coisas num momento em que a preocupação acerca de qual rumo tomaria me afligia: estava terminando o segundo grau, não trabalhava e me sentia despreparado para o vestibular. Rocky é a prova - ficcional, claro - de que acreditar em si mesmo vale a pena, de que devemos nos agarrar com todas as nossas forças às oportunidades que nos são apresentadas. E que uma derrota honrosa vale muito mais que uma vitória indigna.
1 comentários:
Antes do Intense Debate dar pau, em 18 de maio de 2009, aqui existiam 35 comentários.
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