"You don’t have to burn books to destroy a culture. Just get people to stop reading them." - Ray Bradbury.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Mrs. Bush, Clinton e os Karamazov

Considerado uma das maiores obras literárias de todos os tempos, Os Irmãos Karamázov foi escrito por Dostoiévski em 1879. Trata-se de uma narração pormenorizada dos fatos ocorridos numa afastada cidade russa, e gira em torno de um caso de parricídio ocorrido na família. Para Freud, trata-se da “maior obra da história". Ele considerava esse romance, juntamente com Édipo Rei e Hamlet, três importantes livros a respeito do embate pai e filho.



Duas ex primeiras-damas americanas concordam com o mestre da psicanálise.

Em 2001, o The New York Times relatou que a passagem literária favorita de Laura Bush era o "Grande Inquisidor" do romance Os Irmãos Karamazov, de Dostoiévski. “No diálogo com o Inquisidor, Jesus permanece em silêncio, e o capítulo tem dois finais, o primeiro trágico, e o segundo com a vitória para o cristianismo. […] É sobre a vida, e é sobre a morte, e é sobre Cristo," ela disse.
 
Esta semana, Hillary Clinton revelou que o seu favorito também é "Os Irmãos Karamazov." Para ela, o capítulo [d’O Inquisidor] foi uma prova da força da dúvida, não da certeza:  “A parábola do Grande Inquisidor no romance de Dostoievski,” disse ela, “fala sobre os perigos da certeza. […]  Uma das maiores ameaças que enfrentamos é o de pessoas que acreditam que  são absolutas, e que têm razão em tudo."

aspas Será que não pensaste que ele (o Homem) acabaria questionando e renegando até tua imagem e tua verdade se o oprimissem com um fardo tão terrível como o livre arbítrio?
-Trecho de Os Irmãos Karamazov

E Michelle? Será que também lê Dostoiévski?
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Fonte: The Former First Lady As A Literary Device, no The Book Bench.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Nota - Twitter e blogs no interior paulista

Que o Brasil é uma potência no Twitter todo mundo já sabe. Agora, o Laboratório de Novas Mídias Digitais quer mapear os usuários do interior paulista. Para tanto, lançou no último dia 7 a pesquisa Twitter no Interior Paulista, que visa traçar um perfil destes usuários e seus hábitos de uso.

Segundo Paulo Milreu, da SmartIS, você pode responder a pesquisa até o final da próxima semana ou início da seguinte. O questionário é simples e rápido, e não tomará muito do seu tempo. Caso seja do centro-oeste paulista, colabore e responda à pesquisa neste link.

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Aproveitando o ensejo, você que é do interior já cadastrou seu blog no Blogs do Interior? Ele nada mais é que um diretório de blogs "criado com a idéia de reunir todos os blogs do interior paulista, principalmente no Centro Oeste, para que todos pudessem conhecer e pudessemos fortalecer cada blog. E assim contribuíssemos para a cultura digital no interior." Caso ainda não tenha cadastrado seu blog, é só clicar no link acima e seguir os poucos passos.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Blog Action Day 2009

Nunca se falou tanto em mudanças climáticas, em grande parte, talvez, por que elas não eram tão aparentes, ou, ao menos, tão perceptíveis.




Em meus tempos de escola, me lembro que a professora de geografia falava de alguns assuntos estranhos como o degelo dos pólos, o fim da água potável e a diminuição da oferta de alimentos. Sinceramente, eu a achava meio louca, mas não era culpa minha, afinal, todo mundo achava o Al Gore meio louco até ele ganhar o Oscar e o Nobel. Parece até que, só então, o mundo acordou.

Nunca se ouviu falar tanto em desastres naturais: maremotos, tsunamis, terremotos, secas onde sempre chovia, alagamento no nordeste, furacões no Brasil. Tudo, segundo os especialistas, advindo da desordem climática que o próprio ser humano se impôs. O famigerado aquecimento global.

Atualmente, temos de conviver com diferentes condições climáticas num único dia: frio pela manhã, calor à tarde, chuva no começo da noite e, novamente o calor. Mas como tudo que é ou está ruim pode piorar, o governo investe bilhões nos chamados combustíveis verdes que, provou-se, poluem - durante seu processo produtivo - mais, ou tanto quanto, os combustíveis fósseis.

Triste é saber que todos estamos conscientes das mudanças pelas quais estamos passando e de quanto as coisas podem piorar num futuro muito próximo, mas, mesmo assim, pouco fazemos para mudar.

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Mais participantes do Blog Action Day 2009 aqui.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Agatha Christie

Hoje, além de se comemorar o dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, também se comemora o aniversário de um dos maiores escritores de nosso país, Fernando Sabino.  Não por acaso, a Vanessa, do Fio de Ariadne, propôs uma blogagem coletiva na qual cada um escreveria um pouco sobre seu autor preferido. Mentalmente, tive que fazer uma pequena lista, na qual grandes nomes figuraram, para decidir sobre quem deveria escrever, uma vez que vários autores me cativaram de alguma forma e seriam merecedores da homenagem, então demorou um pouco até que decidisse por Agatha Christie.

 

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“Nascida Agatha Mary Clarissa Miller em 15 de Setembro de 1890, Agatha Christie é conhecida pelo mundo como a Rainha do Crime. Os seus livros venderam mais de um bilhão de cópias em inglês, além de outro bilhão em línguas estrangeiras. Autora de oitenta romances policiais e coleções de pequenas histórias, dezenove peças e seis romances escritos sob o nome de Mary Westmacott. Agatha foi pioneira ao fazer com que os desfechos de seus livros fossem extremamente impressionantes e inesperados, sendo praticamente impossível ao leitor descobrir quem é o assassino. (…) Em 1971 recebeu o título de Dama da Ordem do Império Britânico. Agatha Christie morreu em 12 de janeiro de 1976, aos 85 anos de idade, de causas naturais, em sua residência - Winterbrook, em Wallingford, Oxfordshire”. Wikipédia.pt

 

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Foi estranho o modo como conheci Agatha Christie. Estava escolhendo um livro na biblioteca da escola – ou muito me engano ou devia ser o ano de 98 – e me deparei com “Sócios no Crime”. Não sei explicar direito, mas às vezes tenho a impressão de ter, de antemão, conhecimento de algo que ainda não conheço. Confuso? É sim, mas já aconteceu algumas vezes, e sempre com algo que depois passei a admirar ou gostar muito: Bob Dylan, Júlio Verne, Agatha Christie, entre outros. É como se esses nomes ou coisas fossem tão fortes e presentes que sempre tive ciência de suas existências. Mas não importa – ao menos não agora.

 

Acabei levando Sócios do Crime para casa e o li em dois dias. Depois me tornei um leitor compulsivo, e não demorou muito para esgotar todas as possibilidades que tinha na pequena biblioteca da escola, tendo como companheiros de toda tarde Tommy e Tupence Beresford, Miss Marple e Poirot, saboreando suas aventuras no aconchego do meu quarto.

 

Nenhum livro me impressionou tanto quanto O Caso dos Dez Negrinhos – que se chamava assim na época que o li, mas me parece que mudaram seu título por alguns o considerarem politicamente incorreto. Juro que, enquanto o lia, mudei minha cama para o canto do quarto e passei a dormir com as costas na parede e de olho na porta. Normal, se se considerar que todo mundo no livro começou a morrer e nem sinal do assassino. Sem dúvida é meu livro preferido de Agatha Christie, e o efeito que teve sobre mim se manteve o mesmo nas segunda e terceira leitura.

 

Por falar nisso, se os livro de Christie possuem um problema é o do replay. Como todo livro de suspense e/ou policial o prazer da segunda leitura é quase que completamente minado pela eliminação do fator surpresa. Saber o desfecho de antemão não torna uma obra pior, mas faz com que se perca um pouco do sabor que somente os livros deste gênero tem. Atribuem a Eugênio Mohallem a seguinte frase: “No Líbano, os livros são lidos de trás para frente. É por isso que Agatha Christie não vende nada por lá”. A grosso modo faz sentido, até se se considerar que uma segunda leitura sempre começa pelo término de uma primeira. Mesmo assim reli quase tudo de Agatha Christie que me passou pelas mãos, e mesmo já sabendo o final e tudo o que aconteceria, saboreei cada página, cada momento de suspense e cada clímax antes da revelação final.

 

Calculo que tudo que li não corresponde nem a 40% do que a autora escreveu – cerca de 100 livros – portanto minha dívida é grande. Mas sempre é tempo de por as células cinzentas para funcionar e acompanhar uma obra da Rainha do Crime. E, claro, se surpreender.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sobre o Nobel de Literatura

Herta Mueller foi a ganhadora do Nobel de Literatura deste ano. Ao saber da notícia, fiz a mim mesmo uma pergunta que muitos devem ter, intimamente, se feito: Quem?? Até mesmo publiquei no Bazar um post sobre isso, ao qual a Elaine – do Profe Elaine – me respondeu, via Twitter, que “Herta Mueller é conhecida por obras como Terra de Ameixas Verdes dedicada a amigos romenos mortos no governo de Ceausescu”.


Isso me alertou que estava torcendo o nariz antes de provar o xarope, e me fez pensar sobre quais critérios são levados em consideração para se definir um ganhador do prêmio Nobel, uma vez que ano a ano somos surpreendidos, salvo algumas exceções, com um nome que não fazemos idéia de quem seja.
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Herta Müller (Nitchidorf, Timis, 17 de agosto de 1953) é uma escritora, poetisa e ensaísta alemã nascida na Romênia. Destaca-se pelos seus relatos acerca das duríssimas condições de vida na Roménia sob o regime político comunista de  Nicolae Ceauşescu. Foi casada com o escritor Richard Wagner. Foi galardoada com o Nobel de Literatura de 2009 por "com a densidade da sua poesia e a franqueza da sua prosa, retratar o universo dos desapossados”. Wikipédia
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Nem precisei pensar muito sobre o assunto e uma bem vinda luz surgiu sobre o caso. O USA Today publicou uma excelente reportagem em sua versão online intitulada “Nobel literature prize goes to little-known European writer” (Prêmio Nobel de Literatura vai para uma pouco conhecida escritora européia, numa tradução livre e num inglês de rpg). Nele, questionam os critérios de seleção da Academia Sueca, dizendo que, como apontou um membro da mesma na última terça-feira “a comissão pode ser bem eurocêntrica”. No ano passado, “’o então secretário permanente Horace Engdahl declarou sem rodeios que os europeus tendem a ganhar porque eles merecem a vitória, especialmente em relação aos americanos’, a quem Engdahl rejeitou como ‘muito sensíveis à evolução da sua própria cultura de massa’".  O secretário permanente da academia Peter Englund chegou mesmo a reconhecer que os membros da academia se “relacionam mais facilmente a literatura escrita na Europa e na tradição européia”. Triste.

Chad Post, diretor da Open Letter Books, diz que “em um determinado ano, pode-se chegar a uma lista de 10-20 escritores de todo o mundo que são merecedores do prêmio, mas, em seguida, ele tende a ir para alguém de que ninguém está mesmo falando", o que mostra que ter um nome bem estabelecido no cenário não é fator determinante para uma eventual eleção.

Para o jornal, a escolha de Mueller faz sentido por estar “de acordo com um objetivo declarado por Engdahl ano passado, mas executada esporadicamente: ‘O objetivo do prêmio é torná-los famosos", disse ele, ‘isso quando eles já não são famosos.’" Porém, se este objetivo tem a ver com vendas, ele não está sendo atingido em sua totalidade, pois nem todos os ganhadores passaram a vender mais – comparativamente à publicidade gerada por um Nobel – depois de declarados vencedores, e muitos dos menos conhecidos vencedores estão atualmente com boa parte das obras – traduzidas para o inglês – fora de catálogo, como é o caso de Mueller.

Mas as polêmicas devem ser deixadas de lado. Não se pode menosprezar a obra de Mueller e o prêmio que recebeu apenas pelo fato de ela não vender como Dan Brown. Acredito piamente que qualidade nada tem a ver com popularidade.

Se Mueller mereceu o Nobel, e os US$ 1,4 milhões quem vêm com ele, cabe a cada um de seus leitores dizer. Se não é um leitor, como eu, o melhor é deixar os preconceitos de lado e procurar ler algo dela. É o que vou fazer.

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O post original: Nobel literature prize goes to little-known European writer - By Hillel Italie, AP National Writer

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O Melhor do Mundo

Ontem me lembrei de um livro que terminei de ler faz um bom tempo. É incrível como você descobre um clássico todo seu nas obras pelas quais você apostaria que, se muito, lhe trariam alguns dias de parco entretenimento.

Foi assim com Réquiem em L.A. Recordando suas páginas, percebo que passei a admirar Elvis Cole, ou "O Melhor do Mundo", como ele prefere ser chamado. Ponto para Robert Crais, seu criador, tido como o novo Raymond Chandler. Pessoalmente acho estas comparações ridículas, já devem existir meia centena de novos Raymond Chandlers por aí.

Elvis Cole é um filho da mãe convencido ao mesmo tempo em que é o cara mais legal do planeta. E me fez perceber sua grandeza dizendo que "Vale a pena chorar pelo coração humano, mesmo que de ônix".

Faz mais sentido lendo o livro. Escreverei a respeito dele em breve.