"You don’t have to burn books to destroy a culture. Just get people to stop reading them." - Ray Bradbury.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

BC – Como transformar nosso planeta num mundo melhor

Que a coisa está feia ninguém pode negar. Estamos vivendo um tempo de extremos, onde o meio termo não existe ou nada significa. Ou é calor ou é frio. Ou somos bons ou maus. Ou colaboramos para criar um mundo melhor ou assistimos tudo de braços cruzados.

Não existe um meio termo pois ele nada ajudaria a mudar a situação. Ninguém pode se comprometer “só um pouco”, ou fazer meia boa ação. Ou se faz ou se fica parado assistindo e sendo atingido pelas consequências.

selodevaneios

Muito se fala de que nós, seres humanos não temos consciência do que está acontecendo; discordo completamente, temos total consciência, pois somente se fôssemos homericamente imbecis é que ainda não saberíamos de nada. O argumento do eu não sabia não é mais válido. Todos sabemos, mas será que fazemos alguma coisa para mudar este quadro? Será que estamos fazendo o suficiente para anular interferências que datam de milhares de anos? E, principalmente, será que estamos dispostos a abrir mão de tudo o que a modernidade nos proporcionou, a um preço, muitas vezes, alto demais?

Dizem que devemos transformar o planeta, mas, sinceramente, creio que seja uma tarefa quase impossível num mundo onde só se pensa no lucro, na vantagem e em rendimentos. Já o modificamos demais ao nosso bel prazer, agora estamos colhendo tudo o que foi plantado. Também dizem que uma boa saída é conscientizar. Eu pergunto a quem? A quem já está consciente de tudo o que está acontecendo?

Se fazer nossa parte nos conforta, então é o que deve ser feito. Mude seu mundo e talvez inspire alguém a fazer o mesmo. Não adianta forçar mudanças hercúleas, temos que mudar a nós mesmos e aos poucos que nos rodeiam. Talvez assim possamos vencer uma batalha que a muito parece perdida.

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Este texto faz parte da Blogagem Coletiva proposta pela Andréia, do Devaneios do Cotidiano, em comemoração ao aniversário do blog. Temo que ela tenha fugido um pouco do tema e ficado um tanto quanto pessimista, mas, no fim, é o que penso.

Mais participantes podem ser vistos aqui.

E à Andréia, parabéns pelo aniversário do blog!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sobre o BBB e Eleições

Sou um cidadão que nunca elegeu um Presidente da República, mas que ainda não perdeu um voto sequer no BBB10.

Isto pode significar duas coisas:  ou que o Ciro Gomes jamais ganharia um Big Brother, ou que o Marcelo Dourado deve ser o novo Presidente do Brasil.

Ou talvez não queira dizer nada. É puro achismo.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

5 melhores álbuns que estou ouvindo

Primeiro um esclarecimento: não os ouvi por inteiro e, sinceramente, duvido que alguém o faça. Um álbum com 12 ou 16 músicas é uma obra muito grande para se ouvir por inteiro, então acabamos nos apegando àquelas que se tornaram a música de trabalho da banda, ou, no máximo, vamos até a metade, onde, cadencialmente falando, o auge musical deveria ter sido alcançado. Mas este post já tem conjecturas demais.

Então, partindo para o que interessa, faço esta pequena lista com base nas músicas que mais estou ouvindo no momento e a que álbum ela pertence, o que pode levar a uma imensa contradição quanto ao gosto musical e tudo o mais, mas fazer  quê, quem disse que listas são coerentes?

1. Hi InfidelityREO Speedwagon (1980)

hiinfidelity

Nem me lembro ao certo da maneira como conheci o REO Speedwagon. O que sei bem é que não demorou muito para me tornar fã. Hi Infidelity, de 1980 é o nono álbum de estúdio da banda, tendo sido o álbum de rock mais vendido daquele ano e trás uma das minhas músicas preferidas da banda, que é:

A mais ouvida. Take It on the Run: Um rumor, uma menina, um menino e um pouco de esperança que tudo não passe de um mal entendido. Com uma guitarra marcante, a música começa mansinha e progride até chegar ao ápice. Só posso dizer que é ainda melhor ao vivo.

2. Together Through LifeBob Dylan (2009)

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Uma coisa é certa: Bob Dylan nunca fará um álbum como Desire, de 1976. É claro que, de lá para cá, ele lançou muita coisa boa, como Time Out of MInd de 1997, mas nada supera sua – ao menos na minha opinião – obra prima. Este Together Through Life me agradou cerca de 70%, o que de fato não é tão ruim, mas é muito abaixo do que esperava de um de meus artistas favoritos.

A mais ouvida. Beyond Here Lies Nothing: Primeira música de trabalho do álbum, é uma música romântica onde o bom e velho Bob diz a sua amada que não pode viver sem ela e o amor que chamam “deles”, com uma pegada que – contra a minha vontade – me lembrou o velho oeste! Viva Dylan e seus melhores dias.

3. Skeletal LampingOf Montreal (2008)

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Vi uma vez um entrevista dos integrantes do Franz Ferdinand onde citavam o Of Montreal como uma das melhores bandas que estavam ouvindo. Eles até mesmo elogiaram o fato de serem bastante experimentais e alternativos, o que é muita esperteza da parte dos caras do Franz Ferdinand admirarem a alternatividade alheia enquanto suas músicas são e continuam bem redondinhas. Of Montreal é uma banda para se ouvir no mp3, a não ser que você esteja disposto a enfrentar todos os olhares tortos que seus vizinhos direcionarão para você. O interessante é que o vocalista, Kevin Barnes, criou uma personagem para narrar o disco – no caso um transexual negro de 40 anos chamado George Fruit, que usa de seus mais diversos tons de voz para narrar suas peripécias.

A mais ouvida. For Our Elegante Castle: Com algumas conotações sexuais – ao menos que minha mente seja bastante suja, o trecho We can do it softcore if you want / But you should know I take it both ways, é bem espertinho. A música empolga com uma batida bem ritmada e vocais perfeitamente sincronizados. Só não chamo de pop dançante porque seria quase que uma ofensa.

4. InvincibleMichael Jackson (2001)

invincible

O obscuro álbum do Rei do Pop que a Sony gastou milhões para produzir e depois tirou das lojas por birra do presidente da gravadora. De um modo geral é um álbum diferente dos anteriores na medida em que é mais maduro e não tão cheio de força quanto Dangerous, por exemplo, talvez isso se deva a Michael ser um artista mais experiente e consciente da sua realidade quando o compôs, ou talvez não. Só sei que é diferente, e, justamente por isso, melhor.

A mais ouvida. Unbreakable: música que abre o disco e onde o moço se diz intocável, inquebrável e que tem uma temática bastante biográfica, como nos versos: Seems like you'd know by now, when and how I get down / And with all that I've been through, I'm still around (Mais ou menos: Parece que você já sabe, quando e como eu danço / E com tudo o que eu passei, eu ainda estou aí)

5. Lost HighwayWillie Nelson (2009)

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Sinceramente nunca havia escutado nada de Willie Nelson até topar com seu novo cd. Não tenho base para traçar comparativos ou coisas assim, mas estou curtindo bastante, é bem mais comercial que esperava.

A mais ouvida. Maria (Shut up and Kiss Me): O trecho a seguir dá uma boa idéia do clima da música: Maria, shut up and kiss me / Stop shaking, stad up and hold me. / I bet you’re gonna miss me. / You need me, believe me. / Maria shut u and kiss me. / You’re crazy and it turns me on and on / The way of carrying on.

Até que a lista não ficou tão incoerente assim. Como diria John Denver: Thank’s God, I’m a country boy!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

[Re] O Carnaval e eu

Publiquei este post no dia 14 de fevereiro de 2009, como parte de uma blogagem coletiva sobre o Carnaval proposta pela Tine Araújo. Este ano a Mylla Galvão, do Idéias de Milene sugeriu um tema parecido para uma blogagem, então resolvi republicar este post, uma vez que as minhas lembranças de Carnaval ainda são as mesmas.
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A Tine Araújo propôs, então vamos atendê-la.

A idéia é falar sobre coisas ou fatos que aconteceram no Carnaval. Bem ou mal, todo mundo tem uma história de Carnaval.

Nunca fui fã de Carnaval. Por aqui, nos 3 ou 4 dias de festa tocam axé, pagode e sertanejo, ou seja, tudo o que eu não gosto. De uns tempos pra cá também estão tocando funk, mas, por mais que me esforce, não consigo me imaginar dançando o créu sem um generoso sentimento de ridículo.

Em cidade pequena festas como estas dependem diretamente da prefeitura municipal, se não há verba, não há festa, simples assim. Pra minha felicidade, quase sempre não há verba, então...bem, então resta assistir aos desfiles pela Globo, o que é bom, pois é uma festa pra gringo ver, mais organizada, bonita e eróticamente competente :P

Tenho duas lembranças distintas de festas de Carnaval que participei. Na mais antiga devia ter uns cinco anos de idade, e minha mãe me fez ir a uma matinê, debaixo de um sol dos infernos usando um ridículo chapéu de plástico amarelo com uma pena enfiada numa fita.

Estava ridículo, no mínimo gay, mas tinha apenas cinco anos... Nunca me senti tão deslocado, "A pipa do vovô não sobe mais" e "Ai, a bruxa vem aí..." se repetiam a exaustão nos alto-falantes, e naquele tempo já desconfiavam do Zezé e sua cabeleira. As crianças dançavam feito doidas, resolvi ir dançar também. De cara olharam meu chapéu, apenas EU estava usando um em todo o clube, sem pensar duas vezes o arremessei como um frisbee fazendo ele sumir no meio da pista, os moleques gritaram, aplaudiram e me estenderam o braço, "simbora dançar", no esquema das correntes, ou seja, um com o ombro no sovaco do outro. Se você era um garoto magrelo de cinco anos não devia ficar na ponta de uma corrente que girava para todas as direções por todo o clube, ainda mais se seus companheiros fossem maiores que você, ou então correria o enorme risco de ser arremessado para longe numa guinada mais brusca.

Claro que foi o que aconteceu. Sai meio que voando meio que me debatendo pelo chão até parar uns metros à frente, duvido que meus companheiros de corrente tenham percebido alguma coisa, aliás quase ninguém percebeu, a não ser quando outras três correntes foram ao chão depois de me pisotear. Não me lembro quem me ajudou a levantar e me levou pra casa, minha última lembrança é ver o garoto que mais me olhou torto por causa do chapéu estar dançando com o meu chapéu enfiado na cabeça; e o Silvio Santos ainda mandava a ver na cantoria com seu coração corintiano.

A segunda lembrança é um pouco melhor. Tinha 19 anos e quase me acabei de pular e beber numa festa de Carnaval, mas não, eu não estava comemorando o Carnaval, estava comemorando minha aprovação no vestibular da Unesp, uma coisa inesperada para quem apenas estudou em casa, ainda mais para quem só estudou geografia e história. Naquele ano, era 2005, tive motivos para comemorar, estava aprovado numa excelente universidade, e no curso de meus sonhos: Biblioteconomia.

Que eu me lembre, nunca antes tinha dançado ou bebido tanto, e poucas vezes estive tão feliz. Recebi uma avalanche de felicitações, de "você merece" ou "eu já sabia", e de velhos professores dizendo "eu fui professor dele", ao que a diretora da escola na qual sempre estudei (ela também minha ex professora) completava "e sempre estudou na nossa escola". Naquele ano me juntei a meu irmão, graduando em Física na Unesp, e minhas primas, uma graduada em Pedagogia na Unesp e mestranda na Unicamp, a outra graduada em Geografia na Unesp e mestranda na USP (as duas irmãs), e passei também, a ser uma espécie de atestado da qualidade do ensino público daqui. E, claro, naquele Carnaval também tiveram as cervejas grátis. Mas não passou disso, ou pelo menos o que posso contar aqui não passou disso.

Este foi um bom Carnaval como pano de fundo para a comemoração de uma realização pessoal, pena que não tenha durado tanto. Um mês depois adoeci, pensei que fosse morrer e de todos os cantos vinham parentes me visitar (acho que eles pensavam que sua visita era um tipo de extrema unção), e pra Biblioteconomia tive de dizer adeus.

Infelizmente não ficaram registros nem de A nem de B, nenhuma foto, nada. Só lembranças. Mas já é o suficiente. Ao menos para mim.

Este ano não teremos Carnaval por aqui, pois é, não teremos verba. Mas pra quem vai curtir a folia em algum lugar, peço juízo, e lembrem-se, pior que se separar do amor de verão é a gravidez pós Carnaval.