"You don’t have to burn books to destroy a culture. Just get people to stop reading them." - Ray Bradbury.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Heróis não deviam envelhecer

Este post eu publiquei originalmente no dia 1° de Outubro de 2008, em outro blog que eu tinha. Sinceramente não me lembrava de ter feito back-up das postagens de lá, então fiquei feliz ao topar por acidente com um arquivo contendo todas elas, então decidi repostar esta, que foi uma de minhas favoritas, além de achar interessante como mudei - ou aperfeiçoei - minha maneira de escrever em pouco mais de uma no.

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Não, não deviam.

Nunca me dei bem com heróis que um dia envelheceram, talvez por que, sendo eles heróis, tenha imaginado que eram eternos, ou eternamente jovens, mas vê-los velhos não é fácil.

Minha primeira desilusão nesse sentido foi quando li O Menino Maluquinho, do Ziraldo. Como livro é perfeito, clássico absoluto, porém me deprimiu bastante o final, com o menino ficando adulto. Podem até dizer que esta é a ordem natural das coisas, mas e daí?

Pensem bem. Vocês achariam alguma graça num livro chamado "O Menino Maluquinho Agora Adulto", ou "O Ex-Menino Maluquinho", ou ainda "O Adulto Responsável pois Agora tem Família, mas que um dia já foi um Menino Maluquinho"? Eu não. A graça estava em ele ser um menino como eu (na época) e arteiro, mas ele foi crescer e me pôs em crise.

Mas o Ziraldo é fera nisso.Ele conseguiu me deprimir outras vezes, como em Flictz, não esqueço aquele final redentor "A Lua é flictz", ou para ilustrar melhor, com o também excelente "Uma Professora Muito Maluquinha". Quando este livro foi lançado eu devia ter uns dez  anos, mas só tive um exemplar em mãos aos  18 (e o li sem problemas, as obras de Ziraldo não têm idade). Ele é quase tão bom quanto O Menino Maluquinho, mas com um "fator deprimência" muito maior.Envelhcer a professora e seus alunos, e a recusa de um deles em vê-la na velhice mexeu comigo. Confesso que chorei. Ziraldo é foda e ponto. Se me perguntassem quem é o maior assassino de heróis da história diria sem pestanejar que é o Ziraldo.

No entanto, a culpa não é só do Ziraldo, então o problema não acaba aqui.

Me lembro do dia em que me abriram os olhos e me disseram que o Chaves não era criança. Pode parecer ridículo, mas eu, criança, acreditava que o Chaves era tão criança quanto eu. Minha mãe foi a responsável por eu saber a verdade. Não digo que ele tenha perdido totalmente seu brilho apartir daí, mas ele não suportou envelhecer tantos anos em tão pouco tempo, e caiu um degrau na minha preferência, ficando atrás de Chapolim.

Um outro exemplo clássico é Rambo. Rambo não devia envelhecer, afinal ele se embrenha na mata, vai ao Afeganistão, salva os inocentes e, de quebra, sutura os próprios ferimentos. Mas então vem o idiota do Stallone (que só foi perfeito uma vez na vida, em Rocky) e decide filmar Rambo IV. O filme até que é bom, tem uma boa dose de ação, mas o Rambo tá um caco: velho, acima do peso e desfigurado. Não que eu ligue para essas coisas, mas ele é um herói, e como tal deveria ser forte para que os cidadão indefesos se sintam protegidos. Pouco importa se usam uma cueca sobre a roupa, se forem fortes o suficiente nós, os indefesos,  nem vamos ligar.

E o Stallone não é idiota uma vez só, ele é grande demais pra isso. Antes de trucidar Rambo, ele ferrou Rocky. Justo Rocky, o lutador meio paspalho que conquistou o mundo e, até hoje influencia milhares de pessoas ao redor do mundo a praticarem boxe. Mais um herói "pro" saco.

Quem leu O Grande Mentecapto também deve ter sentido o envelhecimento de Viramundo, mas ao menos foi um envelhecimento simpático, e o tempo só fez aumentar suas qualidades, mas não escapou das garras do fim. Prefiro ele criança, parando um trem no peito.

Até mesmo o Super Homem morreu, ressuscitou e morrerá de novo conforme for a vontade da DC.

Dos meus heróis que restaram, temo por eles.

Pensando melhor, creio que o Ziraldo não é o maior assassino de herois que existe, ele ainda perde para o tempo, mas o tempo é um adversário hours concours, todos nós perderemos definitavemte para ele um dia.

De qualqer modo meus herois estão velhos. E eu? Eu que não sou heroi?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Promoção – O Silmarillion

A bem da verdade era para eu ter lançado uma promoção no mês de aniversário do blog, mas, como estava às voltas com minha monografia, fiquei receoso de que não desse conta do recado e algo saísse errado, então somente agora darei o primeiro presente aos leitores aqui do blog.

Promoção

Para presentear meus queridos e inteligentes leitores, escolhi um livro de um de meus autores preferidos, JRR Tolkien, criador de toda a mitologia da Terra Média. Nada mais justo que dar de presente O Silmarillion, livro que narra muitas das lendas que foram vistas na trilogia do anel.
“O Silmarillion, publicado quatro anos após o falecimento de seu autor, é um relato dos Dias Antigos, a Primeira Era do Mundo. Em O Senhor dos Anéis, foram narrados os grandes eventos do final da Terceira Era; as histórias de O Silmarillion, no entanto, são lendas derivadas de um passado muito mais remoto, quando Morgoth, o primeiro Senhor do Escuro, habitava a Terra-média, e os altos elfos guerrearam com ele pela recuperação das Silmarils.”
É verdade que O Silmarillion está sendo vendido baratinho no Submarino, mas o presente, acreditem, é de coração. E para concorrer é muito simples, basta atender aos requisitos a seguir:
  1. Receber as atualizações do blog via e-mail – se ainda não recebe, insira seu e-mail no box “Receba no seu e-mail” ao lado e confirme sua inscrição;
  2. Deixar um comentário neste post até o dia 28 de fevereiro dizendo que quer participar.

O sorteio será realizado utilizando o site Random.org no dia 1º de março, e funcionará da seguinte forma: cada comentário de uma mesma pessoa ganhará um número de participação, assim, o primeiro a comentar será o nº1, o segundo o nº 2, e por aí vai. No mesmo dia entrarei em contato com o ganhador, que não terá nenhuma despesa com o envio do livro.

É importante destacar que:
  1. A postagem do comentário dizendo que “quer participar do sorteio” é sinal inequívoco de que está de acordo com as regras da promoção;
  2. A divulgação do resultado será feita no dia 2 de março, neste blog;
  3. Que o sorteado deverá fornecer um endereço de entrega em até 7 dias a contar da data do sorteio, caso contrário ocorrerá novo sorteio.
Aqueles que possuírem um blog e colaborarem divulgando o banner da promoção na sidebar do mesmo, ganhará mais 2 números para o sorteio, bastando deixar um comentário neste post avisando que está divulgando o banner.

::Copie o código referente ao banner no box correspondente e cole na sidebar do blog::

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Os números extras para aqueles que colaborarem divulgando a promoção em um blog serão contados a partir do último número que se refira a um comentário de participação, e obedecerão a ordem de confirmação da divulgação.

Parece complicado mas não é. Por exemplo, se tivermos 50 participações por e-mail, e 1 divulgação em um blog, teremos cupons de 1 a 50 para os assinantes via e-mail, e de 51 a 52 para os que fizerem divulgação.

Muito obrigado a quem participar, e boa sorte a todos!

UPDATE: Para simplificar, indicarei também nos comentários o número de cada um.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Churchill de cá

Se existe uma regra no mercado é a de que um grande sucesso ofusca a concorrência. É como se você tentasse ver um pássaro que passa voando em frente ao sol.

E o mundo está repleto de exemplos que mostram como o mercado é ingrato: todo o mundo reverencia Michael Jackson desde os anos 70, mas quem ainda se lembra de Billy Ocean? Quantos livros você já leu de Charles Dickens? E de Thackeray? E quanto tempo você leva para se lembrar de um contemporâneo de Shakespeare? Um grande nome faz com que, inevitavelmente, esqueçamos de outro. A própria filha de Thackeray sugeriu ao pai que escrevesse como o Sr. Dickens!

Mas, se as coisas já ficam difíceis quando um alcança maior notoriedade que o outro, o que dizer quando possuem o mesmo nome e sobrenome? Isto se deu com Winston Churchill, o estadista britânico, e Winston Churchill, o escritor norte-americano.

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Winston Churchill, novelista norte-americano.

No artigo A Tale of Two Winstons, publicado no The Book Bench – se ainda não lê não sabe o que está perdendo – discute-se como duas pessoas com o mesmo nome, contemporâneos e notórios acabaram da forma como acabaram, um “um titã da história contemporânea - o primeiro-ministro na hora mais escura da Inglaterra - enquanto o outro continua a ser pouco mais do que uma de suas notas de rodapé.” [1]

Tudo começou com o sucesso do livro The Crisis, do Churchill de cá, que até hoje, estima-se, vendeu cerca de 1,2 milhões de exemplares, e que chegou a ser creditado como do estadista britânico – o Churchill de lá –sendo que, segundo Warren Hollrah [1], mesmo nos dias de hoje o engano ocorre em sites de grandes livrarias, como a Amazon, que atribuem ao britânico obras do americano. O Churchill de lá chegou a profetizar para o de cá que havia o risco de que as obras deste, no futuro, fossem atribuídas àquele, em muitas das cartas que trocaram entre si.

O interessante é que, apesar de, no campo das artes, o Churchill americano ter alcançado um sucesso estrondosamente maior [UPDATE: conforme se pode ver no comentário da Luma logo abaixo, o Churchill britânico ganhou o Nobel de Literatura em 1953, então devo afirmar que o Churchill americano fez um sucesso estrondoso de público, mas o britânio levou o Nobel. Ao que parece, o Churchill de cá parou de escrever na mesma época em que o de lá começou a ganhar notoriedade, o que pode ter contribuído para seu esquecimento], o Churchill britânico é o mais lembrado.

Não vou entrar no mérito de discutir o que é mais importante, a política ou a literatura, até por quê minha escolha seria um tanto quanto óbvia, e como este blog não fala de política, o que me importa é o Churchill de cá, que a história tratou de jogar no fundo do mais fundo e esquecido baú, mesmo vendendo milhões de livros no século retrasado .
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Mais sobre a relação dos dois Churchills no post original do The Book Bench, e no Folton Sun [1].

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

As Crônicas de Nárnia – O Sobrinho do Mago

O Sobrinho do Mago,  é o sexto e penúltimo livro da série, seguindo-se a ordem de publicação, porém é o primeiro na ordem cronológica [1] , e foi lançado originalmente em 1955.

osobrinhodomago

Na verdade estou lendo a edição de volume único, publicada pela Martins Fontes, que segue a ordem cronológica dos livros, o que tanto pode ser uma maravilha quanto um grande problema. Pessoalmente, preferiria que tivessem respeitado a ordem de publicação dos mesmos, pois se seguimos cronologicamente, apesar de facilitar bastante o entendimento, nos priva de algumas surpresas e questionamentos, como, por exemplo, a inevitável pergunta sobre como ou de onde Nárnia surgiu. Neste caso, temos a resposta logo no primeiro livro.

No entanto, isso pode ser considerado um mero detalhe e não ofusca a grandiosidade que Nárnia tem. É preciso deixar claro que, ao menos para mim, não devemos compará-la a O Senhor dos Anéis, pois desde o começo da leitura percebe-se que a obra de Lewis foca em um público mais jovem, que busca uma leitura mais descompromissada, sem a avalanche de detalhes que a famosa trilogia possui, em grande parte porque Lewis não possui o dom de guia turístico que Tolkien possuía – e não me apedrejem, isso foi um elogio! – o que o permitia escrever páginas e páginas de descrições de paisagens de tirar o fôlego.

Voltando ao livro, O Sobrinho do Mago conta como Nárnia foi criada, quem é Aslam e como os filhos de Adão e as filhas de Eva foram parar lá. Também vemos qual a origem da feiticeira, e ficamos sabendo que o mal existiu desde os primórdios daquela terra, cabendo a quem o causou tratar de expurgá-lo, pois a vida não é fácil nem mesmo nos reinos de fantasia.

Nárnia traz uma leitura fácil, empolgante, e nos leva em uma viajem a um mundo rico em vida e fantasia. Veremos onde O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa vai me levar.

[1] Wikipédia.pt

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O 3º Travesseiro

O Terceiro Travesseiro conta a história de dois amigos que são apenas amigos até que um deles resolve se declarar ao outro. A partir daí temos nuances de novela mexicana com sonhos adolescentes e duvidoso gosto culinário.

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Tomei conhecimento da existência do livro através deste post do O Que Elas Estão Lendo, intrigado resolvi ler.

Escrito por Nelson Luiz de Carvalho, o livro navega em mares de superficialidade, e, por muitas e muitas vezes, naufraga. Tudo soa irreal, parece um sonho adolescente – gay. E talvez seja. Nada convence ou faz sentido, o que só piora com a chegada do terceiro travesseiro, leia-se uma garota numa relação homossexual, que transa com ambos, que também transam com ambos e assim vai. É o sistema um por todos e todos por um.

Por mais que possa parecer preconceituoso, velhaco, quadrado ou sei lá o  quê, não consigo digerir, e nem acredito que as coisas aconteçam daquela forma. Lembram quando disse que era uma “novela mexicana com sonhos adolescentes”? Pois é: no decorrer da história vemos a viagem paga pelo pai de um deles, um relógio caríssimo e o papo cabeça com um primo. – Não, o primo não entra “no esquema”.

Isso porque pouparei vocês dos dotes culinários apesentado pelos dois!

O livro, se escrito de maneira diferente, poderia ter suscitado um debate saudável sobre aceitação da homossexualidade tanto pela família quanto pela sociedade, sem esquecer dos maiores e mais interessados envolvidos nisso tudo – os adolescentes homossexuais representados pelos dois. Porém o autor optou por chocar, e, definitivamente, não acho que tenha sido o melhor caminho para atrair atenção – apesar de ter vendido muito, mas aqui entramos naquela da relação entre sucesso de público e qualidade, sobre a qual falei aqui.

O que poderia ser uma bela historia de amor, foi reduzida a um livro pseudo-pornô metido a romance. O final pode te emocionar, mas o amor é tão frívolo, e Marcus, um dos personagens, tão fraco, que senti vontade de arremessá-lo na parede.

Pra finalizar, se querem boa literatura com temática homossexual, leiam O Diário do Farol, de Ubaldo, ou Bom Crioulo, de Caminha.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Violência Gratuita

O que esperar de um filme acerca do qual o ex-presidente americano, George W. Bush afirmou ser “O filme mais terrível que assisti em anos”? Levando em conta a aterrorizante guerra contra o terror de Bush, boa coisa é que não.
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Violência Gratuita (Funny Games U.S.) atinge o status de arte ao mostrar uma dupla de psicopatas extremamente educados, limpos e de aparência tão acima de qualquer suspeita que mães de todo o mundo gostariam de tê-los como genros.

Remake do filme homônimo de 1997, dirigido pelo mesmo Michael Haneke, mostra uma família rumo a uma semana de férias que são feitos reféns pela dupla de psicopatas, que os “convidam” para participar de um jogo, e, sem tirar o sorriso do rosto, começam a atormentar e agredir suas vítimas, dizendo que, na verdade, a culpa é deles, e  se fossem um pouco mais educadas tudo seria mais fácil.

Em um dado momento, questionados pela esposa por que não os matavam de uma vez, respondem simplesmente que não teria a mesma graça; chegam a propor para a esposa que escolha como o marido deve ser morto: a facadas ou com um tiro.

Violência Gratuita tem de ser assistido, uma vez que não se pode descrevê-lo da forma como merece. Tratados de psicologia poderiam ser escritos com base nele, muitos ficarão chocados, dirão que é uma aberração, um zero a esquerda e um produto inútil. Não acho. Apesar de ter sido um fracasso retumbante de público, e, segundo o Metacritic – onde tem nota 41/100 – de crítica, é um filme que te prende sem precisar de efeitos visuais mirabolantes ou óculos 3D. É um filme que se mantém em pontos nos quais todo filme deveria se manter: em atuações convincentes, direção pontual e roteiro brilhante.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

2010

Passada a euforia das festas de fim de ano percebe-se que 2010 começa do mesmo jeito que 2009 terminou. Se não existissem 15 dias de recesso administrativo no meio nem perceberia que algo aconteceu.

Tá, é um pouco de exagero, mas, da mesma forma, é um pouco de exagero que se espere que uma simples mudança de calendário mude profundamente algo. Não mudei em quase nada neste curto período de tempo, exceto que, talvez, tenha engordado um pouco.

Mas começar 2010 com pessimismo não é uma escolha que quero fazer, então vamos pensar positivo.

Primeiramente quero que 2010 seja para este blog um ano melhor que 2009, que por sua vez foi um bom ano, com um aumento do número de leitores e de comentários, e também o ano no qual encontrei "minha forma". E também gostaria que fosse melhor para o Crônicas. No ano passado ele sofreu duramente com a monografia, com enormes hiatos entre os posts, que espero, serão mais frequentes este ano - por falar em posts, este ano já teve o seu por lá.

Por aqui, para começar, mudei o template, e pretendo, ainda esta semana, postar sobre 3 livros que li no ano passado e que ficaram sem um merecido post, são eles: "O Terceiro Travesseiro", "Requiém em Los Angeles" e "O Advogado". Até o dia 15 também teremos a segunda edição do "prestigiado" Melhores & Piores da TV, que teve um bom feedback no ano passado, e que volta agora.

São muitos posts para quem há muito tempo não posta tanto assim. Veremos.