"You don’t have to burn books to destroy a culture. Just get people to stop reading them." - Ray Bradbury.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Leitura Coletiva – O Homem Nu

A Leitura Coletiva é um projeto conjunto do James, do Minha Literatura Agora, e da Vanessa, do Fio de Ariadne. A idéia principal da coletiva é que se releia, ou mesmo se tenha um primeiro contato, com quatro clássicos da nossa literatura:

  • Missa do Galo, de Machado de Assis
  • A Menor Mulher do Mundo, de Clarice Lispector
  • O Homem Nu, de Fernando Sabino
  • Os Noivos, de Nelson Rodrigues

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O Homem Nu talvez seja a crônica mais conhecida de Fernando Sabino, um mineiro que começou cedo na arte de escrever e ao longo da vida alçou seu nome ao patamar dos gigantes, como Drummond, Dinah Silveira de Queiroz, Paulo Mendes Campos, entre outros, sendo merecidamente reconhecido como um dos maiores cronistas deste país, e foi lançada originalmente em 1960, no livro homônimo, pela Editora do Autor.

Nesta crônica, acompanhamos uma manhã na vida de um homem que, através de uma sucessão de inconvenientes acontecimentos, se vê preso do lado de fora de seu apartamento, e, como se isso já não fosse vexatório o bastante, completamente nu. É quase inacreditável como tudo se conecta para dar errado, como tudo conspira contra o pobre, e como o próprio colheu tão somente o que plantou.

Tudo tem seu começo logo ao amanhecer, quando ele propõe à mulher que não atendam ao sujeito que vem cobrar a prestação da televisão, pois se esqueceu de pegar o dinheiro na cidade. Logo em seguida, ele tira a roupa e vai tomar um banho, mas sua mulher já está ocupando o banheiro, então decide fazer um café. Quando sai para apanhar o pão, que o padeiro deixou do lado de fora, cheio de dedos para não ser pego nu, a porta bate impulsionada pelo vento, e nada de abrir. Ele fica preso, do lado de fora da própria casa. E nu.

É claro que ele chama pela mulher, mas ela não responde, pois ele mesmo combinara com ela para que ficassem quietos e não atendessem ao cobrador, então começam os verdadeiros apuros, com vizinhos e empregados subindo e descendo pelo prédio, e ele se escondendo como bem pode, até que sua vizinha da frente, uma senhora idosa, o surpreende, mas o confunde achando que é o padeiro, e alarma todos os moradores, até mesmo aciona a polícia.Só então, depois de toda barulheira, e com os vizinhos correndo para ver o que se passava, é que sua mulher abre a porta, e o “salva” da situação.

É uma crônica bem ao estilo de Fernando Sabino, conta uma situação cotidiana repleta de humor, e que, indiscutivelmente, pode acontecer com qualquer um – ou ao menos com alguém bem azarado.

O Homem Nu foi adaptado para o cinema em 1968, dirigido por Roberto Santos, com roteiro do próprio Fernando Sabino – a se todas as obras fossem adaptadas para o cinema por seus autores – juntamente com Roberto. Em 1997 foi feita uma refilmagem, dirigida por Hugo Carvana. Ambas valem a pena.

E como miséria pouca é bobagem, já dentro de casa, devidamente vestido, a campainha soa. “ Deve ser a polícia”, ele diz, e vai atender.

Era o cobrador da televisão.

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A Mylla Galvão, do blog Idéias de Milene, também está falando sobre “O homem nu”, leia aqui. Assim como o Mauri Boffil, do blog A Katana de Bambu. Leia aqui.

Já participaram da Leitura Coletiva:

A Missa do Galo – Machado de Assis

A menor mulher do mundo – Clarce Lispector

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Por que tenho um blog?

A Vanessa, do Fio de Ariadne, publicou, no dia 26 de maio o post Por que tenho um blog?, onde contava como e porque começou a blogar, e, ao final do mesmo, convidou outros blogueiros a também contarem como começaram, como deram seus primeiros passos na "blogosfera". Por motivo de força maior, somente agora, quase dois meses depois, conto como comecei.



A princípio poderia dizer que por terapia, apesar de não fazer tanto sentido assim, ou talvez faça. Não sei.

Comecei a escrever num blog pouco depois que meu pai faleceu, exatamente no dia 5 de agosto, segundo um back-up que tenho. Era um post simples, falando sobre minha gastrite, que me atormentava naqueles dias, postado num blog iniciante, sem rumo, sem nada. Escrevia sobre um monte de coisas várias vezes ao dia, o que comprometia seriamente a qualidade já bastante questionável dos posts.

A dúvida se foi ou não por terapia se explica: Não foi um fato pensado, mas, apesar da qualidade questionável do material publicado, mostrou-se uma boa válvula de escape, uma vez que, concentrado em escrever aquelas pérolas, abstraía-me dos demais assuntos. Era uma boa alternativa para fazer passar mais rapidamente um "tempo" que me era quase insuportável.

A partir de então tomei gosto. Criei e abandonei quase uma dúzia de blogs, a maioria deles aqui no Blogger mesmo, apesar de também ter me arriscado no Wordpress. Foi um longo caminho até encontrar o formato que me agradou e me fez criar raízes, que é este Gule Anda, meu humilde blog de nome estranho (e comprovadamente uma péssima escolha de nome quando se trata de SEO). E estou feliz por aqui, mesmo não postando com tanta frequência.

Além deste estou me arriscando no Crônicas da Montanha da Neblina (nomes de blog, confesso, não são meu forte), com algumas crônicas sobre um lugar ímpar, que ainda será desvendado. O projeto está bem verde, e estou trabalhando nele com calma, só escrevendo quando realmente bate aquela vontade. Espero que algo bom surja de lá.

Outros blogueiros e blogueiras também atenderam à Vanessa e contaram por que têm um blog. Veja quem aqui.

Imagem: Fio de Ariadne

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Socialize-se

Há algum tempo, enquanto "navegava" pelo Luz de Luma, reparei na sidebar do blog um box com informações de contato e perfis sociais, o Retaggr. Pesquisei sobre o site, fiz meu cadastro e inclui todos os serviços dos quais participo. O serviço é interessante, pois permite integrar todas as suas contas em tudo quanto é site e disponibilizar no blog na forma do box que vi lá no Luz, tudo num mesmo lugar, sem ter que editar html, subir imagens e etc. Tudo isso grátis.

Mas o que mais me chamou a atenção mesmo foi no momento de incluir os serviços, no grupo books. Nele se encontram 5 sites que podem ser definidos como redes sociais de livros - ou leitores - o Anobii, o BookRabbit, o Good Reads, o LibraryThing, e o Shelfari.



Após uma olhada rápida em cada um deles, optei por me cadastrar no Shelfari. Depois de cadastrado e etc, é só buscar os livros (só encontrei edições em inglês e espanhol) que deseja adicionar a sua estante, dar uma nota e classificá-lo. Simples. E ainda é possível adicionar amigos, participar de grupos e escrever resenhas.

Exatamente como no Skoob.


O Skoob faz quase tudo o que o Shelfari faz, e tem a grande vantagem de ser em português. Tenho um cadastro no Skoob há mais de 4 meses, mas quando me cadastrei o site não tinha uma variedade muito grande de livros no acervo, o que não acontece hoje, já que o site atualmente está com um acervo bem maior. E o melhor de tudo: caso não encontre determinado livro você pode adicioná-lo. Montar a sua estante é simples, basta buscar pelo título ou autor e adicionar a obra.

Em minha opinião, classificar e atribuir nota aos livros adicionados à sua estante poderia ser bem mais simples no Skoob se pudesse ser feito da mesma forma que no Shelfari. Lá, você abre sua estante e pode atribuir uma nota e classificar a cada obra, sem ser redirecionado.

A estante do Shelfari.


A estante do Skoob.

Já no Skoob você tem de clicar em cada livro da sua estante para abrir uma nova página e, somente então, atribuir nota e classificá-lo. Dependendo do estado da sua conexão - que no Brasil tende sempre a ser dos piores - isso pode levar um bom tempo. Em contrapartida, o Skoob se sobressai ao Shelfari no layout, bem mais limpo e agradável, e nos usuários, claro, com todo mundo falando português fica bem mais agradável ler as resenhas e interagir.

Caso goste de livros ambas as opções são uma boa pedida, e caso queira, cadastre-se e me adicione.

Eu no Shelfari.

Eu no Skoob.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Cai o pano

A transmissão do funeral de Michael Jackson estava começando na Globo quando a entregadora dos Correios bateu palmas em frente minha casa. Como não é uma data habitual para correspondências - todas as faturas e boletos já chegaram, rsrs, e de qualquer modo seriam colocados na caixinha, e não entregues em mãos - fui atender meio ansioso. Caixinha de papelão com algumas partes azuis só querem dizer uma coisa: encomenda do Submarino. Assinei ao recibo, e entrei correndo em casa, apesar de saber do que se tratava estava ansioso, não era para ser entregue agora, a previsão estava para o dia 29, mas o Submarino mostra mais uma vez que ruleia no assunto.

A primeira vez que tive a intenção de comprar um cd do Michael Jackson foi há uns dois meses, quando estava "perambulando" pelas prateleiras da seção de cd's da Americanas, e vi uma edição especial de Thriller a de 25º aniversário, que vinha com um DVD. Graças ao preço um pouco salgado (que, de antemão, sabia que seria plenamente coberto pelo custo-benefício) tive de deixá-lo lá, mas fiquei com a idéia na cabeça.

Com a morte repentina de Michael milhares de fãs correram para as lojas - mesmo que as de downloads - para comprar as obras do artista, fato que o catapultou, depois de muito tempo, ao topo das paradas americana e britânica. Fui movido, em parte, pelo mesmo impulso, já tinha a intenção de comprar um álbum, o fato da morte somente acelerou o processo.

Voltei às Americanas na segunda-feira após a morte, mas não havia restado mais nada, pelo visto meu caso não era um fato isolado de uma onda que estava passando pelos EUA e Europa, parece que mesmo aqui, nas profundas do interior de São Paulo, as pessoas tiveram (ou foram impelidas) pelo mesmo impulso, o de prestar uma homenagem - ou compensar uma falta - comprando os álbuns do cantor. Voltei pra casa de mãos abanando.

Se as lojas físicas estavam em falta, apelei para as online, mas nas maiores redes de varejo eletrônico do país os álbuns do cantor também estavam esgotados, a não ser edições importadas, tarifadas com todo o peso do firme pulso e forte mão tributária do governo. Minha única opção era apelar para a pré-venda, foi o que fiz alguns dias depois, quando o Submarino disponibilizou esta opção aos seus clientes (alguns dias depois da Saraiva). Reservei Dangerous, álbum de 1991, tido como o segundo maior sucesso comercial do cantor, e, claro, Thriller.

Os álbuns, que estava esperando para o fim do mês chegaram hoje, mesmo dia da despedida dos fãs ao cantor.

De tudo o que foi dito, especulado e inventado após a morte de Michael Jackson, creio que a síntese do que realmente importa foi dita hoje, no final da cerimônia, por sua filha, Paris Michael Katherine Jackson:

"Só queria dizer que, desde que eu nasci, o papai foi o melhor pai que eu poderia imaginar. Só queria dizer que eu te amo tanto".

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Acabei de ler III – Mundo sem Fim

Faz um tempinho que não posto nada sobre o que venho lendo, mas tenho uma explicação – ou desculpa – bastante racional: só tenho lido livros técnicos, de contabilidade, então não seria, acreditem em mim, agradável falar deles aqui. Somente consegui tempo para a literatura agora, que estou de férias. Então vamos lá.

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Ken Follett para mim era um nome conhecido, sempre vi livros seus em livrarias, revistas, nas mãos de outras pessoas, mas nunca havia lido nada dele. A oportunidade surgiu quando vi uma promoção no submarino ofertando o Mundo sem Fim (World Without End, 2007) por R$ 9,90. Sei que não se deve fazer isso, mas um livro de mais de 900 páginas, de um escritor renomado, por esse preço é uma oferta tentadora, então comprei. É assim que se faz quando se junta a fome com a vontade de comer: queria ler um livro de Follett, estavam vendendo um a R$9,90.

Mas vamos ao livro.

Mundo sem Fim abrange um período de 34 anos: de 1º de novembro de 1327 à novembro de 1361, nas vidas de Caris Whooler, Merthin Fitzgerald, Ralph Fitzgerald e Gwenda Wighleigh – descendentes dos personagens do livro de maior sucesso do escritor, Os Pilares da Terra – que se conhecem durante a Feira do Velocino de 1327, e a partir de então têm suas vidas entrelaçadas depois de presenciarem uma perseguição a um cavaleiro. Os acontecimentos daquele ano, mais precisamente os ocorridos durante na Feira do Velocino, traça o futuro dos quatro, de forma trágica, tanto para a menina rica Caris Whooler, quanto para os filhos de um Lord em desgraça, Merthin e Ralph Fitzgerald.

O livro relata a vida em um dos maiores vilarejos da Inglaterra naquele tempo, Kingsbridge, em como a sociedade tinha de ser subserviente ao clero, aos nobres, assim como as mulheres aos homens. Não há justiça aparente, e quem se atreve a buscá-la sofre as consequências das sanções impostas por lordes rancorosos e padres sem escrúpulos.

Como sempre não entrarei em detalhes quanto à história, não quero fazer deste post um spoiler, o que comumente pode acontecer quando se fala de um livro ou de um filme. Passarei então a falar sobre o que achei do livro.

Não se pode negar que seja cativante, pois é. Acompanhar a vida dos quatro personagens principais e as transformações pelas quais passam ao longo da narrativa é fascinante, uma luta é desbravada a cada momento, e existem inimigos muitas vezes maiores que os próprios personagens, nas figuras mais improváveis, como o próprio orgulho, o medo, um pai, um tio ou as injustas leis. A vida não é fácil na Inglaterra do século XIV.

Por falar na narrativa, uma coisa que me incomodou um pouco foi o realismo, não sei se esse é o estilo de Follett, mas creio que nada se acrescenta num livro ao se descrever cenas de nudez ou sexo claramente e com um vocabulário um tanto quanto franco. Não era o que eu esperava encontrar num romance histórico, mas o fato me fez lembrar de um livro de Raymond Chandler – não me lembro o título no momento – onde Philip Marlowe cuidava de um escritor de romances históricos classificado por ele como baratos, daqueles com milhares de páginas, cenas de sexo explícito e vendidos a um preço baixo. Sinto muito Follett, seu livro se encaixa na descrição, apesar de eu ter gostado da obra como um todo.

Mundo sem fim me agradou no final das contas. Como já disse, acompanhar o desenrolar da vida dos personagens é agradável, apesar de as coisas nem sempre estarem agradáveis para eles, e as constantes reviravoltas trazem emoção à narrativa.

Gostei de Follett, mas não sinto ânsia para ler mais alguma coisa dele não.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Duas Coletivas e Três Selos

A última semana foi bastante produtiva e satisfatória, graças, em grande parte, a duas blogagens coletivas ocorridas num espaço de 5 dias: a primeira, Solta o Som, ocorrida no dia 21 de junho, proposta pela Vanessa, do Fio de Ariadne, em comemoração do Dia da Música; e a segunda no Dia Internacional de Combate às Drogas, proposta pela Bea, do CD-Lado B.

Como todos sabemos, as blogagens coletivas são uma ótima oportunidade de conhecer novos blogs e interagir de uma forma mais completa com outros blogueiros, pois todos postam sua opinião sobre um tema comum, dando a oportunidade de se saber seu ponto de vista. Caso queira saber o que aconteceu nestes dois eventos, e a opinião de cada participante sobre as drogas, e os relatos sobre a música em suas vidas, basta clicar no nome da blogagem acima e será redirecionado.

E também tiveram os selos, que me sinto muito honrado em receber, e que desta vez foram três:

Recebi da Elaine Gaspareto, do blog Um Pouco de Mim, que gostaria de indicar a: Dri Viaro, do blog Mãe, esposa, dona de casa, trabalhadora..., Cristiane Marino, do blog Cristiane Marino, e Fernanda Pereira, do blog Compulsão por Palavras.


Este recebi da Mari Amorim, do blog Mari Amorim Brincando com a Rima.


Este recebi do James, do blog Minha Literatura Agora, e tem uma regrinha a ser seguida, que nada mais é que "Escrever 5 coisas que são ROXIE":

-Sobre música: The Who, Bob Dylan, Janis Joplin, Johnny Cash & June Carter, e, claro, Michael Jackson (que, por descuido, ficou de fora da minha playlist na BC Solta o Som);

-Sobre televisão e cinema: Toma Lá da Cá, Profissão Repórter, Dr. Hollywood, CQC, Rocky;

-Sobre países que gostaria de conhecer: EUA, Japão, Itália, Rússia, Inglaterra;

-Sobre cores favoritas: azul, cinza, preto, branco, vermelho;

-Sobre hobbies: ler, ouvir música, jogar video game, ir ao shopping, comprar livros.

Repasso para: Mari Amorim, do blog Mari Amorim Brincando com a Rima, Luma, do blog Luz de Luma, e Elaine, do Um Pouco de Mim.

Mais uma vez muito obrigado à Elaine, à Mari Amorim e ao James.

Aos que receberam minha indicação, sintam-se à vontade para declinar.

E já viu a promoção que está acontecendo no Um Pouco de Mim, da Elaine Gaspareto?



Clique aqui e dê um pulo lá.