"You don’t have to burn books to destroy a culture. Just get people to stop reading them." - Ray Bradbury.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

BC - Minha cena de novela favorita

A Mylla Galvão, do  Idéias de Milene propôs esta blogagem coletiva e logo aguçou meus sentidos de noveleiro.



Tá, eu sou noveleiro. Durante um bom tempo não acompanhei nada com muito afinco, já que tinha de ir a faculdade, então só assistia mesmo no sábado, ou quando faltava à aula, mas sempre dava um jeito de ficar por dentro do que estava passando, seja na internet, jornais, ou na roda do cafezinho no trabalho.

E se teve uma novela que me prendeu foi A Favorita. A história, trazia duas personagens apresentadas ao telespectador como possíveis assassinas - apesar de que apenas uma delas tenha cumprido pena, o que trazia em jogo uma grande questão: "Será que a coitada da Flora passara 18 anos na cadeia por um crime que não cometeu, enquanto a Donatela, possível assassina, ficou curtindo uma boa vida no rancho do sogro?" - Pois bem, A Favorita me fez torcer como se torce em um clássico do futebol. E não, não estou exagerando em nada, foi assim mesmo que me senti. E sim, torci pela Flora.

A novela, como poucas, provocou uma onda de amor e ódio nos telespectadores, assim como os dividiu: ao menos por aqui, havia os partidários da Flora, e os partidários da Donatela, e rendeu boas cenas e atuações de seus atores, em especial de Patrícia Pillar, vencedora do Melhores e Piores deste blog em 2009, na categoria Melhor Atriz, que, juntamente com Cláudia Raia, formou uma das melhores duplas de protagonistas da novela das 8 de todos os tempos.

Mas, finalmente chegando a minha cena favorita, acho que tenho que descrevê-la um pouco, pois o YouTube a recusou em sua versão full, então vai uma resumida, assim: 

Donatella, por motivos que demoraria horrores explicar aqui, "sequestra" Flora e segue com ela para um lugar ermo. No caminho, tortura Flora - naquele tempo eu ainda acreditava piamente que ela era a vítima - dizendo que ela cantava muito melhor, que a outra era medros e etc. Até que Donatela manda Flora - que estava dirigindo o carro - parar. Daqui segue a cena:

Tensa. Esta cena tem a grandiosidade que o momento exigia, tamanha a espectativa que a questão suscitava nas pessoas. Acho que todo mundo se lembra de como a novela terminou: Donatela comprovadamente inocente e Flora presa, louca, dizendo ser Donatela.

Taí uma novela que não vou esquecer tão cedo.
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sábado, 24 de abril de 2010

BC - Meu primeiro amigo virtual

A Sandra propôs esta blogagem coletiva no Uma Interação entre Amigos, e serviu, para mim, relembrar um começo que hoje parece longínquo, e que não foi tão simples, tendo como resultado uma porção de templates destruídos dada minha toal ignorância em html e etc. 


Meu começo foi como o de todo mundo, sabendo quase nada. As primeiras pessoas que me acolheram no "mundo virtual" foram as seguintes, conforme contei uma vez numa postagem anterior:

"Bom, quando comecei fui recebido, principalmente, por quatro pessoas: o Rodrigo Saling, do blog Rodrigo.Saling, a Tine Araújo, que infelizmente não escreve mais em blogs, assim como a Ester, e a Vanessa Anacleto, do Fio de Ariadne.  Aliás, foi através do Fio de Ariadne que conheci praticamente todos os blogs que sigo regularmente."

Calculando por cima, acredito que 8 de cada 10 pessoas que conheço virtualmente conheci no Fio, e hoje tenho bons e generosos amigos virtuais, que compartilham comigo um pouco de seu tempo.

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quinta-feira, 8 de abril de 2010

No banco

Ontem fiz uma nada feliz visita a um banco. Pra resumir a história, cheguei às 11:20 e saí por volta das 15:00, mas o que interessa neste post não sou eu.

Enquanto esperava o sistema decidir trabalhar - ah, como é bom culpar o sistema! - surgiu um rapaz, negro, de uns 28 anos e deficiente físico. Ficou de pé no meio da sala por uns 10 minutos até alguém decidir atendê-lo, e, depois de ter de repetir algumas vezes o que queria, pois a atendente não conseguia entender o que ele dizia, já que ele também apresentava dificuldade para falar, ficamos sabendo, todos, pois a atendente começou a falar absurdamente alto, que ele procurava informações sobre o Bolsa Atleta. 

A atendente então olhou para seus colegas como que dizendo "e agora?", até que a aconselharam a mandá-lo subir para o 1° andar e procurar fulano de tal. Pouco depois também fui mandado para lá.

Claro que o rapaz teve dificuldade para subir os degraus que levam ao andar superior, ainda mais porque  são estreitos e fazem uma curva à esquerda. Elevador? Não percebi nenhum, a não ser que existam nas áreas de acesso restrito, e, em nenhum momento qualquer funcionário ou segurança do banco lhe indicaram essa alternativa. O jeito era subir como desse, encostado na parede e agarrado ao corrimão.

Uma vez lá em cima, teve de esperar mais alguns minutos para ser atendido. Eu, que subi  pouco depois, fui chamado para atendimento antes, então apontei para o rapaz e disse achar que ele chegara primeiro. Sorriso amarelo no rosto da funcionária e fez sinal para que ele se aproximasse. Mais uma vez ele teve de repetir insistivamente o  que queria até ser compreendido. 

Parece que sorriso amarelo é uma constante em funcionários de banco. A atendente disse não ter idéia do que era o Bolsa Atleta, o colega da esquerda também não, o da direita idem. Pediu para que o rapaz fosse ao andar inferior procurar por ciclano de tal. O rapaz fez cara de desespero mas não disse nada, e se encaminhou até a escada. 

Então eu saí da minha apatia.

"Este seu telefone funciona?", perguntei a moça, e ela, surpresa, de olhos arregalados, fez que sim com a cabeça. "Então porque você não liga pro tal ciclano daqui, ao invés de fazer o rapaz ficar subindo e descendo  as escadas?". Ela torceu a boca de um jeito singular, chamou o rapaz de volta e pediu para que aguardasse. Do telefone, falou com o ciclano, que pelo visto também não sabia de nada, e disse ao rapaz que ele teria que esperar pelo gerente.

Quando saí de lá, por volta das 15:00, o rapaz ainda esperava.

Hoje, numa pesquisa rápida, descobri que o rapaz procurava informações sobre o Bolsa Atleta, que, segundo o site, busca 

Garantir a manutenção pessoal mínima a atletas de alto rendimento que não possuem patrocinadores para que possam se dedicar ao treinamento e participar de competições esportivas. Esse é o objetivo principal do Bolsa-Atleta. O programa também visa dar suporte à formação de gerações de atletas com potencial para representar o país nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Para isso, oferece benefício mensal, durante o período de um ano, com valor variável de acordo com a categoria na qual se insere o esportista.
 
Os funcionários do banco podem não saber, mas o Google sempre sabe.

Isto porque o banco é um banco estatal, e este país é uma futura sede olímpica.