Semana retrasada vi um teste no Esterança que prometia indicar qual livro a pessoa era. Fiz o teste, como contei aqui, e o resultado dizia que eu era A Paixão Segundo GH, de Clarice Lispector. Nunca li "A Paixão", fiquei curioso em conhecer um livro que me é, ou que eu sou, ou raios que o sejam, ainda mais porque, no resultado do teste, minha personalidade foi descrita quase que com exatidão.
Na primeira oportunidade de ir a uma livraria, leia-se "na primeira vez que fui a Presidente Prudente", aproveitei para comprar um exemplar, ou melhor, tentar. Como bom leitor preferi procurar o livro sozinho, dispensando a atendente. Gosto de perambular pelas prateleiras, às vezes você até encontra algo interessante que nem sabia que existia, e é uma forma saudável de gastar o tempo até dar o horário do ônibus. Pois bem, de Clarice Lispector só encontrei um exemplar surrado, com as páginas amarelecidas de A Hora da Estrela. Nada mais.
Com o tempo esgotando chamei a atendente e lhe perguntei se não tinham um exemplar de "A Paixão", ela fez cara de pensativa, como se estivesse buscando no fundo da alma não se tinham o livro, mas se conhecia o livro, até que respondeu, com uma expressão mortificada, que não. Perguntei então se não tinham alguma coisa da Clarice Lispector, ela me olhou, parou, pensou, e disse não. Nem A Hora da Estrela, eu perguntei, e ela, mais uma vez, disse não. Mas, apressou-se em dizer, temos o Lua Nova, da Stephenie Meyer.
Gota d'água.
Talvez ela tenha achado que era um substituto à altura, talvez tenha apenas pensado em fazer a venda de um livro que tem um hype gigantesco, e ocupa, sozinho, toda uma prateleira por aqui. Não sei.
Sempre tive a convicção, e o episódio só a fez aumentar, de que quem trabalha em livraria obrigatoriamente tem que gostar de livros, de ler, e conhecê-los. Ao menos por aqui os donos de livraria utilizam um critério estranho para admissão de estagiários: eles têm de estar cursando o curso de letras. Como se cursar letras fizesse do cara um amante da leitura, e, pior, fosse um atestado inegável disso.
Não estou julgando a qualidade de Lua Nova, ainda não li nehum livro da série - mas pretendo fazê-lo - só estou dizendo que foi uma sugestão inusitada frente ao livro que estava procurando. Como diria minha professora de cultura brasileira, a alienação cultural só tem aumentado com a globalização, e tende a piorar.
Mas não desisti de A Paixão Segundo GH. Ainda terei a oportunidade de ler o livro que me é, ou que eu sou ou sejá lá o que ele for.
7 comentários:
Luciano, quando eu morava em cidade pequena passei tanto por isso. Em livrarias ou lojas de discos sempre parecia que o vendedor era o cara mais por fora do assunto possível. Tentei achar este livro no trocando livros mas não tem. No estante virtual - eu tb já comprei muita coisa boa por ali - é uma festa, vc achará desde a primeira edição por R$ 200,00 até edições mais recentes por R$ 20,00
http://www.estantevirtual.com.br/mod_perl/busca.cgi?pchave=A+Paix%E3o+Segundo+GH&tipo=simples&estante=%28todas+estantes%29&alvo=autor+ou+titulo
Ah ha! Agora você tem um quase-nome Expatriadadisse, volte sempre.
Oi Vanessa,
valeu mesmo pela dica, já achei o livro lá, como disse ao James, não conhecia o site, tô garimpando outras coisas também.
Abraços.
Oi Paula, então somos o mesmo livro, rsrs. Também gosto de Clarice, espero lê-lo em breve. Bjos.
Marcelo,é bem mais proveitoso "fuçar" uma livraria sozinho, com alguém no pé não se absorve nada. Gostei muito da "estante", tem muita coisa que não se encontra mais em livrarias lá. Vale a pena. Abraços.
Olá Dri, dei uma passada lá no seu blog - e uma olhada na Maria Abafafuncia, chique ela não?.Obrigado pela visita, bom fim de semana pra você também, bjos.
Opa!, bom fds :)
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