Ontem fiz uma nada feliz visita a um banco. Pra resumir a história, cheguei às 11:20 e saí por volta das 15:00, mas o que interessa neste post não sou eu.
Enquanto esperava o sistema decidir trabalhar - ah, como é bom culpar o sistema! - surgiu um rapaz, negro, de uns 28 anos e deficiente físico. Ficou de pé no meio da sala por uns 10 minutos até alguém decidir atendê-lo, e, depois de ter de repetir algumas vezes o que queria, pois a atendente não conseguia entender o que ele dizia, já que ele também apresentava dificuldade para falar, ficamos sabendo, todos, pois a atendente começou a falar absurdamente alto, que ele procurava informações sobre o Bolsa Atleta.
A atendente então olhou para seus colegas como que dizendo "e agora?", até que a aconselharam a mandá-lo subir para o 1° andar e procurar fulano de tal. Pouco depois também fui mandado para lá.
Claro que o rapaz teve dificuldade para subir os degraus que levam ao andar superior, ainda mais porque são estreitos e fazem uma curva à esquerda. Elevador? Não percebi nenhum, a não ser que existam nas áreas de acesso restrito, e, em nenhum momento qualquer funcionário ou segurança do banco lhe indicaram essa alternativa. O jeito era subir como desse, encostado na parede e agarrado ao corrimão.
Uma vez lá em cima, teve de esperar mais alguns minutos para ser atendido. Eu, que subi pouco depois, fui chamado para atendimento antes, então apontei para o rapaz e disse achar que ele chegara primeiro. Sorriso amarelo no rosto da funcionária e fez sinal para que ele se aproximasse. Mais uma vez ele teve de repetir insistivamente o que queria até ser compreendido.
Parece que sorriso amarelo é uma constante em funcionários de banco. A atendente disse não ter idéia do que era o Bolsa Atleta, o colega da esquerda também não, o da direita idem. Pediu para que o rapaz fosse ao andar inferior procurar por ciclano de tal. O rapaz fez cara de desespero mas não disse nada, e se encaminhou até a escada.
Então eu saí da minha apatia.
"Este seu telefone funciona?", perguntei a moça, e ela, surpresa, de olhos arregalados, fez que sim com a cabeça. "Então porque você não liga pro tal ciclano daqui, ao invés de fazer o rapaz ficar subindo e descendo as escadas?". Ela torceu a boca de um jeito singular, chamou o rapaz de volta e pediu para que aguardasse. Do telefone, falou com o ciclano, que pelo visto também não sabia de nada, e disse ao rapaz que ele teria que esperar pelo gerente.
Quando saí de lá, por volta das 15:00, o rapaz ainda esperava.
Hoje, numa pesquisa rápida, descobri que o rapaz procurava informações sobre o Bolsa Atleta, que, segundo o site, busca
Garantir a manutenção pessoal mínima a atletas de alto rendimento que não possuem patrocinadores para que possam se dedicar ao treinamento e participar de competições esportivas. Esse é o objetivo principal do Bolsa-Atleta. O programa também visa dar suporte à formação de gerações de atletas com potencial para representar o país nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Para isso, oferece benefício mensal, durante o período de um ano, com valor variável de acordo com a categoria na qual se insere o esportista.
Os funcionários do banco podem não saber, mas o Google sempre sabe.
Isto porque o banco é um banco estatal, e este país é uma futura sede olímpica.
5 comentários:
É vergonhoso isso. Usam e abusam de suas burrices e falta de informação e de boa vontade... Prejudicam os outros com a maior cara de pau. Um horror! Fizeste bem e meter a tua colher.Eu sempre o faço, pois não aguento!!!abraços,chica
Vanessa,
Infelizmente esta é uma das poucas conclusões cabíveis em casos assim, que são cada vez mais frequentes. A humanidade segue caminhando, mas para onde?
Beijo.
Lucino, muito obrigado pelas felicitações que deixou no meu blog. Cheguei aos 2 anos graças a amigos como você.
Abraços.
Também não consigo ficar quieta quando vejo esse tipo de comportamento - O rapaz por ser deficiente físico, não deveria ter prioridade de atendimento? Fazê-lo subir lances de escada é desumano e desnecessário. Mas percebo que o atendimento melhora conforme você 'investe' no Banco.
Sobre esta ajuda do governo para o atleta, ele tem que acessar o Ministério do Esporte para cadastrar, apresentar documentos e depois, se aceito, receberá uma carta contendo o documento oficial para ser entregue na CEF. Quer dizer, a CEF deveria treinar seus funcionários para o recebimento deste documento, afora isto, eles não sabem informar mesmo, nada sobre o andamento do processo.
Bom fim de semana! Beijus,
ai, odeio bancos... nem sei pq eu to fazendo concurso pra um
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