"You don’t have to burn books to destroy a culture. Just get people to stop reading them." - Ray Bradbury.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Na minha cama

Ultimamente muitas pessoas tem dormido na minha cama. Ontem, por exemplo, tive de dividi-la com meu orientador do TCC e algumas pendências do trabalho. Ficou pequena.

Se tem algo que não consigo fazer é separar as coisas. Há quem diga que divide seu tempo de acordo com a forma que dele faz uso, ou seja: preocupações do trabalho no trabalho, problemas de casa em casa. Eu não sou assim. Quando me deparo com um problema fico atormentado por ele até que o resolva, o pior é que as vezes isso pode levar um tempo, e até lá tenho de dividir a cama, e partilhar a falta de sono.

A monografia que tenho que entregar no fim do ano tem sido citada frequentemente por aqui, e não é para menos: estou preocupado em se darei ou não conta do recado. Justamente por isso meu orientador tem sido frequentador assíduo, sempre me fazendo uma visita inoportuna. Passo a noite pensando, tentando entender todo o emaranhado de leis que li durante o dia. 4320/64 e 101/2000 são números que não me deixam mais em paz.

Preciso urgentemente de uma válvula de escape, mas estou sem tempo para ler. Por falar nisso, há algumas semanas terminei "O Terceiro Travesseiro". Foi o último livro que li até que termine minha monografia. A palavra de ordem agora é foco. Talvez assim expulse toda esta gente de lá.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

3 Selos

Já falei aqui e no Twitter que ando sem tempo para me dedicar mais ao blog, graças à monografia que tenho que entregar no fim do ano.

Por isso, acabei ficando em dívida com amigos que me ofertaram alguns selos durante este período, no qual não pude postar a respeito. Então vamos lá:




Recebi este selo da Mylla Galvão, do blog Idéias de Milene. O mimo vem com um meme chamado  "O blog e eu", que traz as seguintes questões:
 
1- Tem algum (ou mais de um) blog que te ajudou a blogar quando iniciou (dica, receptividade, incentivos)?

Bom, quando comecei fui muito recebido, principalmente, por quatro pessoas: o Rodrigo Saling, do blog Rodrigo.Saling, a Tine Araújo, que infelizmente não escreve mais em blogs, assim como a Ester, e a Vanessa Anacleto, do Fio de Ariadne.  Aliás, foi através do Fio de Ariadne que conheci praticamente todos os blogs que sigo regularmente. Muitos sites foram uma grande fonte de dicas, mas destaco o Usuário Compulsivo como a mais importante delas.

2- Qual foi a sua fonte inspiradora?

Creio que não tive uma, ou não sei definí-la. Comecei meio que por terapia, como contei aqui, e estou escrevendo até hoje.

3- Blogar é muito gratificante quando...

Quando se recebe o feedback dos leitores. Lembro que nos primeiros comentários que recebi eu pensava comigo: "Não acredito que alguém me leia!", e com o passar do tempo tenho quase a mesma reação. Ainda é estranho saber que tenho leitores fiéis que muito agregam ao que aqui escrevo com seus comentários.

4- Quanto tempo você dedica ao seu blog? Em que horário gosta de blogar?

Com certeza dedico menos tempo do que gostaria. Por outro lado, dizem que uma escassez de posts garantem a manutenção de uma - questionável - qualidade. Não tenho um horário específico para blogar, costumo fazê-lo sempre que tenho alguma idéia e encontro tempo disponível para postar. Um grande exemplo disso é meu blog de ficção, o Crônicas da Montanha da Neblina, que não tem um post novo há algum tempo. Mas neste caso a culpa é do tempo mesmo. A idéia eu tenho, só preciso encontrar um tempo para publicar. Em parte pela escassez de tempo, e também devido ao fluxo de idéias que tenho e que não combinariam com este blog, criei um blog no Tumblr, que permite postar sem complicações, é só dar um clique e pronto. Podem acessá-lo aqui.

5- O mundo da blogosfera seria melhor se...

Se houvesse menos vaidade e orgulho, e mais simancol.




Recebi do Marcelo do Abrazar La Vida. Indico para todos o blogs que eu leio e que estão linkados aí do lado, pois são muito especiais para mim.





Este selo a Sandra, do blog Curiosa, está oferecendo aos seus leitores em comemoração das 20.000 visitas que seu blog recebeu. Parabéns Sandra.

Amanhã tem post  novo - espero.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

BC - Como você escolhe seus amigos?

A Mylla Galvão propôs esta blogagem coletiva em comemoração aos seis meses de seu blog Idéias de Milene. O tema é mais complexo do que parece: Como você escolhe seus amigos?




Ou muito me engano ou foi Vinícius de Moraes quem disse que "Amigos a gente não faz, reconhece-os". Esta frase se aplica a mim com uma propriedade quase absurda, tamanha a sua exatidão. A todos aqueles que tentei imprimir uma amizade forçada a coisa não deu certo e desandou, no entanto, surgiram no decorrer da vida algumas amizades inesperadas, de onde jamais imaginei que floresceria coisa alguma.

Um bom exemplo disso foi o surgimento de algumas importantes amizades dentro da faculdade,  de forma natural e espontânea, pessoas que sinto como se as conhecesse desde à infância, e que aos poucos preencheram as lacunas que a vida se encarregou de abrir. E também os amigos virtuais, que são mais recentes em minha vida, mas que já ocupam um lugar especial, por todo o carinho que tenho recebido.

Porém, ao longo do tempo diversos episódios me frustraram, talvez por eu esperar muito das pessoas - ou esperar de meus amigos o mesmo tratamento que lhes dedico, o fato é que diversas vezes saí ferido destas situações. E quando uma amizade é ferida não há muito o que se fazer: você pode conversar, por panos quentes, perdoar, mas jamais será como antes.

Em algum lugar, vi ou ouvi, não me recordo, que amizade é um caso de amor. Concordo. Muito me ofendi no lugar de amigos, fiquei triste e preocupado por que assim se sentiam, e feliz da mesma forma. Se os amo? Sim, alguns mais outros menos, uns são mais difiíceis de compreender - e aí entra a fina arte de ser amigo; outros prestimosos, que te conhecem tanto que são capazes de te compreender apenas pelo olhar.

Sinceramente creio não ser possível escolher as amizades. Não é tão simples. Não é apenas olhar uma pessoa, apontar o dedo e dizer: "Serei seu amigo!". Tal sentimento "nasce", mas, para isso, é necessário que se tenha um terreno propício, ou apenas espinhos brotarão.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Vida de Escritor

A Vanessa, do blog Fio de Ariadne, está propondo a Blogagem Coletiva Vida de Escritor, que ocorrerá no dia 12 de outubro, aniversário de Fernando Sabino. A ideia é, segundo a Vanessa, "reunir os amigos de blog para falar sobre ele [Sabino] e outros escritores que gostamos de ler e, mesmo que em sonho, gostariamos de ser."




Caso queira participar, deixe um comentário avisando da sua participação no post lá no Fio de Ariadne - até o dia 09 de outubro - pegue o selo da blogagem e leve para o seu blog. Então, no dia 12 de outubro, escreva "sobre seu autor preferido, vale citar trechos da obra, contar a vida, colar fotos e imagens. Escreva sobre aquele ou aquela que conta histórias com perfeição, do jeito que você sempre quis contar."

É uma grande oportunidade de prestar uma homenagem àquele que tanto te "presenteou" com suas obras, e de dividir com seus amigos leitores seu escritor favorito.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Hoje, depois de ontem

O dia seguinte a um dia ruim pode ser pior ou melhor, e muito disso depende de você.

Optei por ter um bom dia, já que na quinta tenho que entregar o primeiro capítulo da minha monografia, e, se preciso de algo agora, é de disposição.

Na minha sala fica a máquina de xerox, então a presença de pessoas aqui é constante, num entra e sai que dura o dia todo. Hoje de manhã, logo ao chegar encontro a sala vazia, mas a máquina de xerox aberta dava sinais de que alguém havia partido em busca de papel. Sobre minha mesa havia um MP4, ligado, e como estava na minha mesa resolvi ouvir o que estava tocando (deturpação dos direitos mode on).

O som me levou de volta aos anos 80 sem eu sequer ter conscientemente vivido neles, pois nasci em 86 e de pouco ou nada me lembro. Chegou a me empolgar um pouco, mas não muito. Quando o dono do MP4 voltou me pegou no flagra, mas não fez cara feia - melhor assim. Perguntei de quem era a música, ele me disse que era do A-Ha. Como fiz cara de surpreso, do tipo "A-Ha ainda existe. E no interior paulista?", ele  logo emendou: "É, o A-Ha, lembra? Eles até lançaram um cd novo este ano, o Foot of the Mountain". Fiquei com cara de parede. Uma coisa é uma música do A-Ha estar na playlist de um MP4 no interior paulista, outra, bastante diferente, é existir um fã do A-Ha no interior paulista. Pelo jeito, muito mais pessoas curtem synthpop do que eu imaginava. Ou talvez eu seja mais ignorante do que imagino. Tanto faz.

Decidi ouvir o Foot of the Mountain. Depois que, claro, me cansar de Secret, the Profane and the Sugarcane. Vai demorar um pouco.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

É a vida

Dias como o de hoje me fazem detestar meu trabalho. Tive de desempenhar uma de minhas atribuições, que, sem sombra de dúvida, odeio profundamente.

Não é fácil encarar um pai jovem - pouca coisa mais velho que eu,  de olhos vermelhos, voz baixa, quase um sussurro e uma tremenda cara de derrota, - sentado na sua frente, negociando o pagamento do serviço de sepultamento de uma filha que nem chegou a nascer.

Não é humano olhar no fundo daqueles olhos, citar a lei que institui a cobrança e dizer um preço.

É terrível, mediante o espanto, devido ao alto valor cobrado, oferecer um parcelamento.

Me sinto menos humano, quase lixo.

Lembro dos momentos nos quais reclamo da minha vida e percebo o quanto eu sou feliz, e burro, por não perceber isso sempre.

É a vida.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Uma noite com Lady GaGa


Eu fazia parte do time que não gostava da Lady GaGa mesmo antes de ouvi-la cantar. Puro preconceito, mas acontece, e muito, no mundo da música. No Brasil, principalmente, o nome Lady GaGa está fortemente associado aos gays, assim como Britney Spears e Christina Aguilera, o que pode afastar , ou ao menos obliterar, alguns fãs. O que é ridículo. É o mesmo que dizer que quem ouve reggae é maconheiro, sertanejo é corno, e pagodeiro é bandido. Mas como o Brasil é o país do ridículo...

Ao meu ver, GaGa era mais um produto tosco da indústria fonográfica - que insiste em se manter viva em seus moldes pré-jurássicos - que cantava músicas feitas sob encomenda e fazia playback nos shows. É incrível o número de coisas que eu supunha saber sobre ela sem ao menos conhecê-la. Não sei se ela faz playback, mas uma rápida pesquisa me mostrou que ela compõe suas músicas - e tem no currículo letras compostas para Britney Spears e Destiny Childs; e, como muitos artistas jovens, tomou muitas, mas muitas bordoadas da vida mesmo.




Ontem, no VMA 2009 ela me mostrou que está longe de ser tudo aquilo que eu imaginava. Provou ter personalidade, e um gosto bastante duvidoso para se vestir,  e também foi a melhor performance da noite - batendo Janet Jackson na esteira da morte de Michael, e Muse - cantando a música Paparazzi, que fala do assédio desses profissionais e o quanto podem ser perigosos, com direito a simulação de enforcamento no final e tudo. Só não empolgou mais do que chocou - o que já era esperado para uma estréia em VMA's - e apagou por completo  a rebolante Beyoncé e seu Single Ladies. Hoje de manhã, enquanto estava tomando café, me peguei cantando ♪ Can't read my, / Can't read my / No he can't read my poker face ♪. É um preço a se pagar.

No fim, não me tornei um fã, mas aprendi a respeitá-la. GaGa está acima das polêmicas, dos rótulos e dos rumores que apontam que ela é hermafrodita. Ela se mostrou uma entertainer de primeira, do tipo que é muito mais agradável ver que ouvir, mas que faz muito bem aquilo que se predispõe a fazer. Ah, e de quebra levou o prêmio – merecido – de revelação do ano.

Agora vou voltar pro Secret, the Profane and Sugarcane, do Elvis Costello.

sábado, 5 de setembro de 2009

Uma experiência marcante

A Mylla Galvão, que escreve nos blogs Idéias de Milene, Minhas Memórias de Infância, Lua Imaginada e Vidas Linha, sugeriu uma blogagem coletiva em comemoração aos 6 meses de aniversário do blog Vidas Linha. O tema proposto foi “Uma experiência marcante em minha vida”. Um tema que com certeza rende muitas histórias, se a pessoa se sentir confortável para contar; e dar, com isso, uma mostra de amizade.

 

selo da blogagem coletiva

 

A experiência marcante que vou contar aconteceu no ano passado, que na verdade foi um período de bons e péssimos acontecimentos num intervalo muito curto.

 

No final de 2007 prestei concurso para uma vaga na prefeitura daqui, não tinha muitas esperanças por achar que essas coisas são manjadas, e que, desde o início, existem os “donos da vaga”. Para minha surpresa, fui aprovado e convocado para começar a trabalhar em abril do ano passado. Para quem não tinha muitas esperanças foi uma onda de euforia.

 

Tudo ia bem. Até que, menos de quinze dias depois de começar a trabalhar meu pai faleceu, repentinamente, aos 52 anos. O chão cedeu, o céu caiu e o futuro ficou tão negro quanto a mais escura das noites nubladas.

 

Ninguém em sã consciência pensa em perder os pais, ou em como será quando isso acontecer. Mesmo católico, e depois de já ter ouvido inúmeras vezes o sermão da vida eterna, quando uma coisa desse porte acontece você se esquece de tudo, e passa a duvidar de tudo também. Eu duvidei de muitas coisas e formulei o tradicional questionamento digno de novela mexicana: “Por que?”

 

O mais triste é que tudo aconteceu quando as coisas estavam começando a melhorar em casa.  Meu pai se sacrificou o quanto pode para manter a mim e meus irmãos estudando, mesmo tendo que trabalhar dois períodos, e, em muitos sentidos, foi um exemplo de homem – e meu Monteiro Lobato. Seria mais do que justo que ele desfrutasse dos benefícios que surgiam num horizonte próximo. Porém poucas coisas são como queremos, e há experiências pelas quais, infelizmente, temos que passar.

 

Depois de tudo pelo que passamos, aprendi que o tempo, que de um lado nos aflige, também nos conforta, permitindo seguir em frente.

 

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Aqui você pode ver a lista de blogs que também participam desta blogagem.